domingo, 6 de setembro de 2009

ONU pressiona Lula para proteger floresta amazônica

04 / 09 / 2009

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será pressionado a modificar
sua política para a Amazônia e a atender a apelos internacionais em
relação à proteção da floresta. Lula ainda será cobrado para que deixe
de utilizar o argumento da soberania como elemento para impedir
qualquer sugestão externa sobre como lidar com o desmatamento.

Nesta quirta-feira (3) o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
abandonou sua conhecida diplomacia e criticou as taxas de desmatamento
do Brasil. Ele também deixou claro que são os países ricos que devem
ter a responsabilidade histórica de realizar as maiores reduções de
emissões de CO2 para que haja um acordo climático até o final do ano.

No dia 23 de setembro, Ban reunirá em Nova York presidentes de países
com importantes florestas e de países doadores. O desmatamento é
sério. Há muitos países como Brasil, Indonésia e Congo que têm
debatido muito esse tema internamente. Mas o que vou apelar é para que
esses países estabeleçam uma política clara para lidar com o fenômeno
e uma política de administração da situação, disse.

O desmatamento acumulado dos últimos 12 meses na Amazônia foi 46%
menor do que no ano anterior, segundo números divulgados há poucos
dias pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Apesar da
queda no período, há uma ressalva: entre junho e julho, houve aumento
de 18,5% em relação aos mesmos dois meses de 2008. Para o Greenpeace,
isso indicaria uma inversão da curva e a retomada do desmatamento.

Apesar disso, Ban alerta que os últimos dados sobre o desmatamento no
Brasil ainda são muito sérios. A ONU revelou ao Estado que a cobrança
sobre Lula será clara em Nova York. A entidade promete pressionar os
países doadores a fazerem compromissos reais para ajudar os países
emergentes a manterem suas florestas.

Mas o gabinete de Ban quer uma posição mais flexível de Lula em
relação à floresta e que o Brasil e outros emergentes atendam algumas
demandas dos doadores. Entre os pontos que o Brasil terá de encarar,
estão a insistência para que haja uma metodologia comum para medir o
desmatamento, a existência de metas claras de redução do desmatamento
e o desmatamento que possa ser medido por critérios adotados por todos
os países.

A ONU ainda quer que o Brasil deixe de usar o argumento da soberania
para impedir qualquer sugestão sobre o que fazer com a Amazônia. Para
a ONU, a posição do Brasil será fundamental para permitir que outros
governos sigam uma posição de consenso.

Acordo - O encontro em Nova York será a etapa final antes da reunião
de Copenhague em dezembro para tentar fechar um acordo climático. Só
temos 15 dias de negociação até lá, disse Ban, que admite que o tema
da floresta tropical estará no centro dos debates em dezembro. Para
ele, porém, a grande responsabilidade pelo acordo será dos países
ricos, tanto em reduzir emissões como em ajudar financeiramente os
países emergentes. Ban estima que o corte de emissões terá de ficar
entre 25% e 40% para que se evite o pior.

Os cenários mais pessimistas em relação às emissões já estão
ocorrendo. Estamos com nosso pé preso ao acelerador e estamos indo ao
abismo. As emissões estão se acelerando e o impacto econômico será
desastroso, alertou. A negociação está parada e vivemos uma inércia
perigosa, disse.

Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC), alerta que o aumento de temperaturas já é uma
realidade. Cometeremos um erro histórico se não assinarmos o acordo,
disse.

Observação - Na quarta-feira (2) a ONU obteve um acordo mundial para
começar a criação de um sistema internacional de serviços
climatológicos. O objetivo é garantir uma troca gratuita de
informações e aumentar o volume de dados. A ideia é ainda que as
informações sejam usadas por agricultores, profissionais de saúde e
outros. Precisamos mais observação para poder lidar com os desastres,
disse Pachauri. Esse foi o dia em que se pode dizer que os serviços
climáticos nasceram, comemorou Janne Lubchenko, chefe do serviço de
meteorologia dos Estados Unidos. (Fonte: Jamil Chade/ Estadão Online/
Ambientebrasil)

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