segunda-feira, 16 de agosto de 2010

UFRJ aprova cotas sociais para o vestibular


Decisão quanto ao número de vagas reservadas e ao valor da renda per 
capita só sairá na próxima semana

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aprovou na última 
quinta-feira (12/8) a adoção de cotas sociais para alunos oriundos de 
escolas públicas já para o vestibular deste ano, em decisão do 
Conselho Universitário (Consuni), a mais alta instância de decisão da 
instituição.

O número de vagas destinadas às ações afirmativas e a renda máxima 
necessária para concorrer pelo sistema só serão decididos em uma 
sessão extraordinária do Consuni, na próxima quinta-feira (dia 19).

Também foi aprovada a adesão parcial da universidade ao Sistema de 
Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC), que utiliza 
o Enem como fase única para ocupar vagas de cerca de 40 instituições 
públicas do país, com a reserva de 50% dos lugares. A outra metade 
será oferecida pelo vestibular tradicional, sendo as duas fases 
discursivas.

Em entrevista exclusiva à Megazine, em maio, o reitor da UFRJ, Aloísio 
Teixeira, defendeu a entrada da instituição no sistema e criticou 
duramente o modelo do vestibular, chamado por ele de "sistema perverso 
criado para excluir a juventude do acesso à educação superior".

A proposta original apresentada pela reitoria prevê que 20% das vagas 
destinadas ao Sisu sejam reservadas para estudantes egressos de 
escolas públicas e que tenham renda familiar per capita de até um 
salário mínimo e meio. Assim, 10% do total de vagas oferecidas no 
vestibular da instituição ficariam reservadas para o sistema de ações 
afirmativas.

Um dos motivos para que a definição dos detalhes ficasse para a semana 
que vem foi a falta de consenso em torno da reserva de vagas. Os 
representantes dos estudantes e técnicos administrativos consideraram 
tímida a proposta da reitoria. Já o decano do Centro de Filosofia e 
Ciências Humanas (CFCH), Marcelo Corrêa e Castro, defendeu a reserva 
de 20% do total de vagas para o sistema de ações afirmativas.

O estudo apresentado pela presidente da Comissão de Acesso do Conselho 
de Ensino e Graduação (CEG), Ana Maria Ribeiro, antes do início da 
sessão, mostrou que 6,29% dos alunos oriundos da rede pública estadual 
conseguiram entrar na universidade no último vestibular, contra 12,32% 
de quem estudou em escola particular e 17,31% da rede pública federal.

Professor defende exclusão de alunos de escolas federais

O ótimo índice de aprovação das escolas federais fez com que o 
professor do Instituto de Economia, Marcelo Paixão, propusesse que as 
cotas fossem restritas a alunos da rede estadual. De acordo com 
Paixão, 20% dos estudantes da UFRJ já atendem ao perfil proposto pela 
reitoria. Assim, qualquer cota que abrangesse menos de 20% do total 
oferecido no vestibular não surtiria qualquer efeito.

As discussões sobre a adoção de ações afirmativas na UFRJ tiveram 
início em maio, quando foi colocada em votação uma proposta de Paixão 
que previa a abertura do debate dentro da universidade.

O professor defendia cotas raciais como melhor forma de democratizar o 
acesso ao ensino superior. O reitor Aloísio Teixeira, entretanto, 
nunca demonstrou simpatia pelo critério, pois acredita que a 
substituição do vestibular tradicional pelo Enem é mais eficaz e 
atingiria mais estudantes.

(Leonardo Cazes)

Fonte: O Globo, 13/8

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